PRÁTICA E ÉTICA OPERACIONAL EM DX

Quem, entre nós, obteve a carta de motorista apenas fazendo as provas teóricas? Nenhum de nós.
No Brasil, e em relação aos radioamadores, também só se fazem exames teóricos não havendo nenhuma forma de ensino de como fazer um QSO. Ao passar no exame, o radioamador é, simplesmente, “lançado às feras” nas bandas de amador e o resultado nem sempre é agradável de ouvir. Fazendo analogia com a direção de um veículo, imagine que um indivíduo aprovado apenas nas provas teóricas, era-lhe passada a carta e ele aventurava-se a ir para a estrada conduzir, sem nunca o ter feito antes. Pois é o que se passa exatamente com os radioamadores.

Durante os primeiros anos como radioamador, o autor, tal como qualquer outro, cometeu erros (e ainda comete, mas em muito menor grau). Com este artigo ele pretende ajudar aos noviços e aos mais velhos a rapidamente se harmonizarem com as praticas nas bandas de radioamador. Os erros que ele cometeu foram muitas vezes originadas pela escuta de vícios operacionais de muitos operadores mais velhos. Mas não há que acusar ninguém. Regras claras sobre como bem comunicar nas bandas de amador nunca existiram.

Ninguém deve menosprezar a importância de boas práticas de operação. Em última análise, todas as nossas transmissões podem ser interceptadas, quer por outros radioamadores, quer por escutas ou serviços oficiais, etc. O aspecto técnico do nosso hobby é uma questão. Se usarmos os nossos equipamentos e formos para o “ar” , então entramos noutra questão, ou seja, representamos o nosso país nas ondas hertzianas e tornamo-nos muito visíveis.

Para transmissões bem sucedidas em qualquer banda ou modo há que respeitar algumas regras muito simples. Sigam-me, por favor, na procura das boas práticas de operação.

1º Linguagem
Conheça bem a linguagem dos radioamadores. Familiarize-se bem com ela. Não diga rádio 4 mas antes clareza 4. Não vá para o ar sem dominar o alfabeto fonético, as abreviaturas utilizadas em CW, o código Q e outros códigos numéricos (73/88), tal como fossem a sua segunda língua. Use sempre o alfabeto fonético corretamente: A é alfa e não Alabama. No capítulo 8 voltaremos a este assunto.

2º Escuta
Como novo radioamador, de certo pretende começar a transmitir o mais cedo possível. Mas tenha calma, não tenha pressa. Mantenha-se afastado do microfone, do manipulador ou teclado. Primeiro, aprenda bem todas as funções do seu emissor/receptor. A transmissão exige atenção especial pois é aqui que começam muitos dos nossos erros.

Inicialmente aprenda a escutar. Quem o bem faz de início, terá muito maior sucesso com bons e agradáveis contatos. O capítulo dos pile-up abordará este assunto em maiores detalhes.

3º Uso correto do indicativo
Utilize o seu indicativo de forma correta. Este é um sério teste para se gostar deste hobby. Tenha orgulho do seu indicativo. Ele é único no mundo. Só se o usar corretamente as suas transmissões são legais. Já ouviu alguém dizer 4ZZZ em VHF ? Tanto quanto é do meu conhecimento, este é um indicativo de Israel e não do Brasil. PY4ZZZ é que é o indicativo correto. Cada indicativo contém um prefixo e um sufixo. Porém, até em HF esta prática repreensível é utilizada. Fazendo analogia, já ouviu alguém reportar o roubo de um carro apenas divulgando algumas letras da matrícula ? Claro que não.

4º Seja cortês
Este é o capítulo menor mas talvez o mais importante. Seja sempre cortês quando estiver ao rádio. Os seus sinais estão, de certo, a ser ouvidos por muitos. No capítulo Situações conflituosas abordaremos melhor este aspecto. De qualquer forma, irá longe o que se comportar bem, for bem educado e respeitador, quer seja na rádio ou na vida.

5º Alguns tópicos para contactos em VHF/UHF
Muito do que se falar nestes próximos capítulos está relacionado com situações específicas da “caça” ao DX (contatos de longa distância) em HF. A maioria, contudo, também se aplica à operação em VHF/UHF.

Concretamente, o uso de repetidores em VHF/UHF tem como principal objetivo aumentar a área operacional das estações móveis e portáteis. As estações fixas devem tê-lo sempre presente. Se duas estações fixas podem comunicar diretamente, porquê usar o repetidor ?

Quem quer que utilize um repetidor deve ter em atenção que não é o seu “dono” nem tem o monopólio do seu uso. Isto aplica-se, aliás, para contactos em qualquer freqüência. Nas freqüências fora dos repetidores o princípio do quem chega primeiro fica com a freqüência é usado. Nos repetidores este princípio nunca deve ser usado. Deve ser sempre dada oportunidade a quem precise de o utilizar, especialmente as estações móveis ou portáteis. O uso dos repetidores, por ser canal único, deverá ser sempre compartilhado.

Nos QSO’s através de repetidores é um hábito fazer-se uma pausa entre cada fala. Isso permitirá que qualquer pessoa possa chamar ou intervir no próprio QSO. Pressionando o PTT  ou, nas operações vox, falando imediatamente fará com que isso não seja possível. Pense nisso.

6º Como fazer um QSO? O que posso dizer?
Alguns iniciantes ficam intrigados, durante os seus primeiros contactos, com a troca apenas dos indicativos e dos sinais RST. Claro, isto não tem de acontecer sempre. No princípio eu também não o apreciava, preferindo QSO’s mais longos e melhor elaborados. Era um perfeito ragchewer (nome dado a quem só gosta de falar com amigos e em longos QSO’s). Mas não há nada de mal nisso. Contudo, fui passando de longos a mais curtos QSO’s, tendo cada operador a sua própria preferência.

Embora o nosso hobby seja principalmente técnico, os nossos QSO’s não têm de estar limitados a questões técnicas. Também não foi feito para conversas de “botequim". É necessário um saudável equilíbrio. O bom senso deve imperar nesta matéria.

Assuntos que o bom senso manda evitar incluem a política-partidária, a religião e assuntos comerciais. E é terminantemente proibido praticar radiodifusão, isto é, transmissões de comerciais ou programas de música.

O manual da licença básica belga* implementou, pela primeira vez, um capítulo relativo a procedimentos e práticas de operação, explicando como fazer um QSO. O que se segue é o que está disposto adiante, mais algumas adaptações à legislação brasileira:

Alguém me chamou a atenção para o seguinte: à medida que os radioamadores progridem na sua “carreira”, parecem muitas vezes esquecer que em tempos passados também foram principiantes. De fato, ouvimos muitas vezes alguém a chamar “CQ DX” em HF, sendo depois chamados por estações “locais” (que não estão a longa distância para quem chama). Estes operadores “locais” são freqüentemente advertidos verbalmente e simplesmente ignorados pela ira do “DXer”. Neste caso, os dois estão equivocados. O principiante deve perceber que não deve chamar aquela estação naquele momento, pois não é DX. Por outro lado, o “DXer” não se deve esquecer dos seus primeiros tempos, quando provavelmente fez a mesma coisa, para poder contatar mais uma “figurinha”.
Quando estou nesta situação, de chamar “CQ DX”, opto por dar uma reportagem rápida à outra estação, anoto-a no log da estação e digo-lhe, com bons modos, que estou à procura de estações DX. O principiante habitualmente compreende a dica e aprende a ter mais atenção para a próxima ocasião, ao mesmo tempo que fica contente com o “novo” contacto ou “nova figurinha”, que é o que mais importa. Portanto, dêem uma oportunidade a todos e não esqueçam os seus primeiros passos no radioamadorismo.

7º Como chamar CQ ?
Certifique-se de que a freqüência que quer utilizar está livre. Não basta apenas escutar, devendo efetivamente perguntar se a freqüência está ocupada. Em SSB, por exemplo, após ter escutado um pouco, deve perguntar: “A freqüência está ocupada ?” seguido do indicativo ou “Is this frequency in use ?”. Repita pela segunda vez e se então ninguém responder pode chamar CQ à vontade.

Em CW ou RTTY deve utilizar o código “QRL?”. Há quem julgue que usar apenas o “?” é suficiente mas não é para além de poder criar confusão. Se numa determinada freqüência estiver a decorrer um QSO (que você não escuta), o sinal de interrogação pode ser interpretado como uma tentativa de saber quem está na freqüência, aliás uma situação muito usual quando uma estação DX está  trabalhando em split dando a sensação de que a freqüência não está sendo utilizada. Pode então surgir o cenário de “policiamento” (capítulo 12).

O “QRL?” não pode ser mal interpretado pois significa que se pretende saber se a freqüência está livre. Já o “?” pode ter outras interpretações.

Como resposta ao “QRL?” pode receber-se:

Se, por coincidência, chamar numa hot frequency (freqüência utilizada por uma DXpedition ou por uma estação rara), há grandes possibilidades de ser corrido com palavreado. Mas não se preocupe, não reaja e mude-se para outra freqüência. Ou, então, descubra quem está na freqüência e trabalhe-a pois pode ser uma figurinha.

Muitos problemas podem ser evitados se for seguida a primeira regra (quer se seja DX ou não) ESCUTAR. Esta regra de ouro, usada em combinação com o QRL, evitará problemas quando procura uma freqüência para chamar CQ.

A prática ajuda à perfeição. Se não tem muita experiência, escute outros mais experientes. Rapidamente desenvolverá o seu próprio estilo de fazer QSO’s agradáveis e com sucesso.

8º PILE-UP'S
Uma vez apanhado pelo vírus do DX, freqüentemente entrará nos pile-up's. Quando uma estação rara de DX aparece na banda, rapidamente surgirá uma quantidade enorme de amadores querendo trabalhá-la. No fim de cada QSO todos começam chamando, uns por cima dos outros. É o salve-se quem puder, prevalecendo, geralmente, os mais fortes (mas não só). A isto se chama um pile-up.

Não só estações de DX residentes provocam pile-up's. Freqüentemente são organizadas expedições de DX para ativarem países (entidades DXCC) onde o radioamadorismo é quase inexistente ou mesmo a locais desabitados. O objetivo destas expedições é contatar com o maior número de estações num período relativamente pequeno. Obviamente que estes QSO terão de ser o mais curtos possível para permitirem que um maior número de amadores trabalhem essa estação. Daí que os operadores dessas estações não estejam interessados em saber qual o seu QTH, o seu equipamento ou o nome do seu cão, etc.

Qual é a melhor e mais rápida forma de ficar registrado no log duma estação rara de DX ou duma DXpedition? 

ESCUTAR  ESCUTAR E VOLTAR A ESCUTAR

E, porque devo eu escutar? Porque os que não escutarem não terão tanto sucesso.
De fato, ao escutar com atenção, o operador terá mais sucesso no ultrapassar o pile-up e registrar o contacto com a estação DX.

Escutando, conhecer-se-á o comportamento do operador DX e o seu ritmo de trabalho. Também nos aperceberemos se a operação é em split (recepção e emissão em freqüências separadas). Durante este período teremos um amplo tempo para verificar e reverificar as várias componentes da nossa estação: 

Muitas vezes esta última parte é feita na própria freqüência do DX. O que é MAU!!! Isto resulta numa reação dos chamados “patrulheiros” ou "síndicos de faixa"(ver capítulo 12), estragando o prazer de muitos porque a estação DX deixa de ser ouvida. 

Algumas vezes entra-se num pile-up seguindo um spot do DX Cluster. Em muitas ocasiões o spot é incorreto! Por isso, tenha a certeza do indicativo correto. Isso prevenirá, também, o retorno do QSL com a frase “NOT IN LOG” (não existe no log) ou “NON EXISTING CALL” (indicativo não atribuído) ou, ainda, “NOT ACTIVE THAT DATE” (não operativo nessa data).

Um operador de DX experiente passa a trabalhar em split quando se aperceber que existem muitas estações a chamá-lo e o pile-up se torna descontrolado. Transmitindo em split ele mantém (ou tenta) a sua freqüência de emissão limpa e todos os que o chamam o podem escutar facilmente.
Um operador de DX inexperiente continuará a trabalhar em Simplex (emissão e recepção na mesma freqüência) e passará a QRT rapidamente por não conseguir controlar o pile-up.
Numa dessas situações, pode-se sempre sugerir ao operador de DX, de forma cordial, que trabalhe em split (se houver necessidade). Todos os amadores presentes apreciarão esse gesto e a vida ser-lhes-á facilitada. 

Seguem-se algumas diferentes situações de pile-up's: 

A – PILE-UP EM SSB SIMPLEX
Qual a melhor forma de atravessar um pile-up em simplex (um enorme pile-up, com muitas estações tentando trabalhar o DX, todas ao mesmo tempo) ?

Há muitas variantes a esta seqüência. É a experiência que só será adquirida após muitas escutas a pile-up's em simplex. Muito depende do ritmo de trabalho da estação de DX e de como recebe bem ou mal os indicativos através da cacofonia.
Se chamar logo de seguida ao QSO terminar, o seu indicativo perder-se-á no meio dos milhares de outros indicativos. Muitos chegam a dar o seu indicativo duas vezes e até quatro ou cinco vezes seguidas. Entretanto a estação DX até pode já ter respondido a uma chamada mas ninguém o ouve porque estão muitos a chamar interminavelmente, sem pararem para escutar.
Aguardando uns 7 segundos, que é o momento em que a maioria das chamadas acalma, é a altura de chamar uma vez e escutar. 

Não só a estação DX está à espera das palavras corretas, como espera ouvir certas consoantes/sons ou número definido de sílabas. Se uma sílaba se perde devido à estática/QRN ou outra razão, ele pode sempre reconstruir a palavra pela falta daquela específica consoante e/ou número de sílabas.
Palavras engraçadas também são muitas vezes ouvidas em HF/VHF mas não são nada apropriadas
nem eficientes (Caracas Universidade três Amigos Açorianos Apóiam Americanos). 

Exemplos:

QRZ PU7ZZZ
(cacofonia – 7 segundos depois)
PY3ZZZ
PY3ZZZ, you are 59, QSL?
QSL, also 59
Thanks, QRZ PU7ZZZ

QRZ PU7ZZZ
(cacofonia – 7 segundos depois)
PY3ZZZ
3ZZZ, you are 59, QSL?
PY3 – PY3ZZZ, also 59, QSL?
PY3ZZZ, QSL, Thanks, QRZ PU7ZZZ

B – PILE-UP EM CW SIMPLEX 

C – PILE-UP EM RTTY SIMPLEX (OU OUTROS MODOS DIGITAIS)
Dar o nosso indicativo apenas uma vez já não funciona nos modos digitais. Duas vezes é o aconselhável, dependendo também da forma como a outra estação recebe quem a chama, podendo ir às três vezes, o que se deve evitar. É bem melhor chamar na altura certa (right timing). E esperar que a estação DX passe a trabalhar em split.

D – PILE-UP EM SSB SPLIT
Ufa, finalmente a estação de DX trabalha em split. Que alívio!!! E é-o, de fato, pois o split aumenta consideravelmente a taxa de registro de contactos, comparado com a operação em simplex.

Mas como fazer para ser registrado no log da estação de DX quando trabalha em split?

Alguns amadores fazem esta operação na “desportiva”. Eles tentam “furar” o pile-up com uma só chamada. 

Escutando alguns minutos pode-se:

  1. Conhecer o ritmo de trabalho da estação DX
  2. Determinar o split que ela usa (ex: 5 a 10 Khz acima ou abaixo), quer seja indicada pela própria estação (método preferível embora haja algumas estações de DX que se esquecem de o fazer regularmente) ou “descoberta” por nós próprios
  3. Perceber se temos mesmo hipóteses de “furar” o pile-up naquele momento (será que a estação DX está a trabalhar japoneses por ter melhor propagação para aquela área?)
  4. Determinar o modo como a estação DX se move na janela do split. Por outras palavras, será que escuta desde o início da janela e vai até ao fim, voltando para trás, ou recomeçando de novo no início, etc
  5. Determinar de quantos em quantos kHZ ele trabalha uma estação no pile-up. Por exemplo, numa janela de 10Khz em SSB, será que trabalha amadores de 2 em 2 Khz ou de 3 em 3 Khz? Ou será que trabalha algumas estações no início, passando depois para o meio e depois para o fim?

Após isto: 

  1. Deve dar o indicativo uma vez
  2. E ESCUTAR

Se as “dicas” acima indicadas forem seguidas, será “canja” ser ouvido na altura e freqüência certa. Quer apostar que terá mais sucesso a “furar” um pile-up agora do que antes? E não precisa de “1 KW” para o fazer agora.

REPETINDO: quando a estação DX chamar parte de um indicativo que não seja o seu, por favor CALE-SE e AGUARDE. Esta questão é muito importante e merece esta ênfase. Se chamar fora da sua vez, mesmo numa operação em split, pode impedir a realização de outro QSO e contribuir para a diminuição da velocidade e ritmo da operação. NÃO FAÇA ISSO!!! Mesmo que ouça outros fazerem-no. Seja um gentleman na freqüência. Se não o fizer – e por isso estiver a escutar – terá boas hipóteses de ouvir qual a estação DX e qual a freqüência.

Dependendo da capacidade de compreender os indicativos através do pile-up, é sempre aconselhável dar o indicativo apenas uma vez. Com o tempo perceberá qual o timing certo e, no máximo, dê duas vezes o indicativo. Três já é demais e não se deve fazer. Tenho repetido muito isto, mas é um tópico importante.

Estações de DX diferentes têm, necessariamente, estilos diferentes. Uns serão mais do nosso agrado do que outras. Alguns operadores trabalham por “números” (pelo número do indicativo). Se não chamar o seu número por favor fique CALADO e ESCUTE.

E – PILE-UP EM CW SPLIT

F – PILE-UP EM RTTY SPLIT (OU OUTROS MODOS DIGITAIS) 

9º “TAIL ENDING”
Um novo “método” surgiu há cerca de 20 anos: o tail ending (cuja tradução direta não existe). Foi e ainda é bastante controverso.

Mas o que é o tail ending? Com o aparecimento do 2º VFO (antigamente externo mas hoje já integrado nos modernos transceptores) o trabalho em split tornou-se bastante popular entre as estações DX  e DXpeditions. Os amadores que faziam o pile-up procuravam e ouviam então o amador chamado pela estação DX, no seu 2º VFO. Quando percebem que o QSO está concluído, está “OK” (porque foram trocados corretamente os indicativos e os sinais RST) começam a chamar sobre a emissão final do amador que está a fazer o QSO. Se o sinal é forte, a estação DX ouve e anota o novo indicativo, chamando-o mal termine efetivamente com o referido amador.
Pensou-se que este método tornasse mais rápida a operação e que mais QSO’s fossem registrados. Mas verifica-se agora que poucos são os amadores que praticam este tail ending corretamente provocando enormes dificuldades à estação de DX que, muitas vezes, tem de repetir o QSO (por falta do indicativo completo ou por falta dos sinais RST, etc).  

Com as atuais atitudes, cada vez menos disciplinadas, muitos operadores julgam ser necessário chamar sobre um QSO em curso. Então se ouvirem a estação DX chamar alguém sem referir o “QRZ?”, aí é que parece ter desabado o inferno na freqüência… 

SIM ou NÃO ao tail ending? O consenso atual é o de que não deve ser praticado. 

10º JANELAS DE DX 
As agências nacionais de comunicações é que estabelecem quais as freqüências que os amadores podem utilizar. Muitas não definem quais as freqüências destinadas a determinados modos de emissão. Para coordenar estas questões surge a IARU (International Amateur Rádio Union). Por exemplo, a IARU Região 2 (a nossa) só sugere dois segmentos de freqüências onde a prioridade deve ser dada a contactos DX intercontinentais nos 80M (3500-3510 Khz e 3775-3800 Khz) e outra nos 20M (14195 
±  5 Khz). Para além destas “janelas de DX” nós temos  freqüências “de fato” onde as grandes expedições e/ou estações de DX podem ser encontradas. (N.T. A Anatel disponibiliza o plano de utilização de freqüências determinando as diversas sub-faixas dentro de cada banda destinadas a esta ou àquela modalidade)
Tenha conhecimento dessas freqüências e respeite o propósito a que se destinam.
Há muito tempo, quando estive ativo num país da África Central, operando uma estação com pouca potência, quis proporcionar um novo e raro país a muitos e muitos OM’s. Fui então à procura de uma freqüência livre nas freqüências habituais de DX. Eu sabia que muitos DXer’s se mantinham à escuta daquelas freqüências, sempre à espera de ouvirem e trabalharem alguma estação mais rara. Mas o meu desapontamento foi enorme ao verificar que essas freqüências estavam ocupadas com europeus e americanos em QSO’s considerados locais. 

Muitos pensam que estas “janelas de DX” são as freqüências onde podem chamar por DX ou fazer CQ DX. Eu não concordo com este ponto de vista e acho que estes locais deviam manter-se desocupados para que qualquer estação DX mais fraca pudesse chamar e ser ouvida. As estações não DX não deviam chamar nestas freqüências e usá-las apenas para trabalharem estações raras. 

As atuais “janelas de DX” ou freqüências de DX são as seguintes: 

É claro que as estações de DX ou DXpeditions podem também aparecer noutras freqüências.

11º SITUAÇÕES DE CONFLITO
Temos de ter em atenção que partilhamos o mesmo hobby com centenas de milhar de outros amadores, usando o mesmo “terreno”, nomeadamente o “éter hertziano”. É quase obrigatório surgirem conflitos. É irrealista ignorarmos este fato. E alguns bons conselhos nunca magoaram ninguém.

Como foi referido no capítulo 4, SEJA SEMPRE CORTÊS. Esta é a única forma de resolver, com sucesso, situações de conflito.

Vamos dar uma olhadela num exemplo extremo chamado LU9XXX, vindo de Santa Fé.
O OM Pablo ( nome fictício) tem o irritante costume de chamar CQ bem como efetuar contactos de caráter local com amadores da Europa e Américas nos 14195 Khz, uma das freqüências mais utilizadas por estações raras de DX e DXpeditions. Muitos DXer’s de todo o mundo sentem-se ofendidos e prejudicados. Os 14195 Khz transformam-se então num caos cada vez que o Pipo aparece, pois a comunidade DX não aceita a utilização monopolista da freqüência.
Se analisarmos este caso, reparamos nas seguintes objetivas observações: 

Esta situação chegou-me aos ouvidos em meados de 2003 e eu próprio testemunhei, muitas vezes, como dezenas de DXer’s interferiam propositadamente com ele. Que não haja dúvidas de que cada uma destas estações transmitia fora dos limites atribuídos pelas suas licenças. Se as suas autoridades locais para as comunicações estivessem às suas portas com uma unidade móvel de fiscalização e testemunhassem estas interferências, de certo que estes DXer’s perderiam as suas licenças e não o Pablo que esteve sempre dentro dos limites atribuídos pela sua licença de amador.

Podemos objetivamente fazer a observação de que o Pablo é um radioamador com pouco sentido social e que propositadamente estraga o prazer de muitos. Mas a sua atividade é sempre realizada dentro dos limites da sua carta de amador.

Mas qual é, então, a melhor forma de lidar com um indivíduo como este?

Em 12 de Agosto de 2003 os meus nervos foram testados, mais uma vez, pelo Pablo. Eu chamei-o normalmente e tivemos um QSO que durou aí uns 20 minutos nos 14195 Khz. Durante este contacto apercebi-me de que o Pablo não gostava nada (para dizer o mínimo) de ser interferido por dezenas de amadores não identificados e que se chamam de DXer’s. Ele ficou mesmo perturbado pelas ameaças de morte (!!!) que recebeu por telefone (recebidos pela filha), etc. Durante o nosso “calmo” QSO trocamos variada argumentação sobre se o Pablo devia ou não usar aquela freqüência. Chegamos ao fim do QSO sem chegarmos a acordo mas nas semanas seguintes os 14195 andaram limpos das transmissões do LU9XXX.

Claro que o Pablo voltou a utilizar os 14195 após um mês e tal, se calhar porque lhe fizeram o mesmo noutra freqüência.

Noutra ocasião, em 2005, quando a expedição do K7C esteve ativa nos 14195, eu próprio ouvi o Pablo a perguntar se a freqüência estava a ser usada. Eu prontamente subi e respondi que sim, pelo K7C, agradecendo o seu QSY e desejando 73 de ON4WW. O Pablo baixou imediatamente 5 Khz para chamar CQ e o problema ficou por ali.

Nos meus primeiros dias como radioamador deparei-me com um incidente mal intencionado nos 21300 Khz. Um miserável e depravado ON6 envolveu-se num QSO local mesmo em cima de uma grande expedição de DX. Eu chamei-o e expliquei-lhe a situação, pedindo-lhe educadamente para fazer QSY, se possível, terminando com o meu indicativo. A linguagem utilizada na sua resposta não pode ser aqui referida. Mais tarde vim a saber que este ON6 e um amigo ON4 eram constantemente interferidos num repetidor de VHF. Talvez os seus maus modos e má educação estejam na base das suas interferências ou talvez tenham ganho esta mentalidade por terem sido eles próprios injustamente interferidos (por “ilegais”?).

Aqui vai mais um episódio de um incorreto incidente entre um old-timer (amador dos antigos) e dois amadores principiantes, aqui na Bélgica. Dois amadores ON3 (principiantes) estavam a falar num repetidor de VHF. Um deles disse estar a ouvir o outro muito bem na freqüência de entrada do repetidor. Nesse momento, o tal old-timer ordenou, de forma arrogante, que saíssem do repetidor para poder fazer uma chamada. Isso não se deve fazer. Tal como disse antes, seja sempre cortês, correto, afável. O ON4 podia sempre subir e pedir para fazer a sua chamada. Como utilizador do repetidor devia perceber que o principal propósito do repetidor é aumentar a área de cobertura a estações móveis e portáteis. Se estas duas infelizes estações ON3 se tivessem cruzado numa auto-estrada a 120Km/h, o seu QSO teria certamente acabado numa freqüência simplex. É, de fato, embaraçoso ouvir um “raspanete” no ar, vindo de um old-timer. E é ou não suposto ajudarmos os mais novos a tornarem-se melhores radioamadores?

Serão estas histórias verdadeiras? Mas o que importa? Finalizando: SEJA CORTÊS, EDUCADO. Podemos nem sempre alcançar os nossos objetivos, mas isso acontecerá menos vezes.

Isto trouxe-me ao próximo capítulo, o qual bem podia ser inserido neste das situações de conflito…

12º Patrulheiros ou síndicos de faixa
Espera-se que a comunidade amadora se “auto-policie”, mantendo a ordem dentro das suas “fileiras”. Desde que nada de ilegal aconteça, as “autoridades” não intervirão. Isto, contudo, não significa que o serviço de amador necessite de uma “polícia”! Auto-disciplina? Sim, isso.

Vamos voltar ao assunto do nosso amigo Pablo de Santa Fé, Argentina. Tivesse eu sido dois segundos mais lento a responder à sua pergunta “Está a freqüência ocupada? e de certeza que um dos auto-denominados “patrulheiros” ou "síndicos de faixa" das freqüências de DX teria subido e lançado palavras incorretas e agressivas contra ele. E estas palavras (tais como IDIOTA, ESTÚPIDO e muito piores) são do tipo que evolui do mau para o péssimo.

Tal como é de esperar de uma pessoa com o caráter do Pablo, ele iria adorar continuar nos 14195 Khz em vez de mudar para outra freqüência. Não só ele seria interferido e apupado nas duas horas seguintes ou a expedição a K7C desapareceria da freqüência… perdendo-se muito tempo e muitos QSO’s graças à nossa força policial de DX. O patrulhamento nunca acrescentou nada, pelo contrário.

Estas três categorias têm uma coisa em comum: enquanto bancam os “políciais” eles transformam-se em verdadeiros PIRATAS pois quase nunca as suas transmissões são nunca identificadas.

Em que situações podemos encontrar estes “síndicos”? 

Um “síndico” civilizado pode corrigir o “infractor” dizendo-lhe para transmitir UP ou DOWN (acima ou abaixo). Tenta ajudar em vez de “punir”. Muitos métodos variantes são também utilizados, não soando nem neutros nem educados. Não quero classificá-los para não mostrar como são feitos.

Como podemos ajudar o operador “infractor” de forma neutra?

Antes de contribuir para a sua vocação policial:

Se mesmo assim ainda julgar necessária a sua “boa ação” policial:

O que possa mais acrescentar pode ser mal interpretado, fazendo com que não corrija o seu erro e o caos se instale na freqüência.

Exemplo em CW:
ON4WW chama por engano na freqüência da estação DX. Transmita o seguinte: WW UP. Se transmitisse só UP provavelmente ON4WW não perceberia que a ele se destinava o aviso. Conseqüentemente, repetiria o seu erro chamando na mesma freqüência. Como segunda  e pior conseqüência ele acordaria os DX COPS que começariam logo a transmitir UP UP UP resultando daí o caos completo.

Portanto, transmita sempre algumas letras do indicativo da estação “infractora” seguidas de um UP ou DOWN. Dessa forma ele perceberá que é a ele que se estão dirigindo e não a mais ninguém. Se transmitir todo o seu indicativo de certo que se sobreporá à própria estação de DX ou parte da sua transmissão.

Com certeza que seria melhor se ninguém se sentisse na necessidade de ser “síndico”, de "colocar ordem na casa", mas isso é uma utopia. Uma chamada de atenção rápida ao “infractor” pode resolver a questão rapidamente. Uma chamada com linguagem grosseira ou incorreta resulta no oposto provocando mal-estar na estação DX e nos que a querem trabalhar.
Um bom e educado “síndico” pode ser uma “bênção” mas dois “síndicos” já são demais.

Em SSB e RTTY aplicam-se os mesmos princípios. Dê sempre parte do indicativo (ou mesmo o indicativo completo nestes modos) seguido da instrução correta listening UP/DOWN (escuta acima/abaixo) e a freqüência ficará novamente limpa num instante.

Como um DXer, rapidamente perceberá que atinge melhor o seu objetivo não reagindo aos “políciais de DX” de maneira nenhuma. Transforme o negativo em positivo. ESCUTE (outra vez a palavra mágica) através do barulho e em muitos casos conseguirá registrar mais esse DX no seu log enquanto o policiamento continua.

Lembre-se que, estritamente falando, um “síndico” faz SEMPRE transmissões ilegais a não ser que se identifique! 

13º Indicativos de duas letras (indicativos parciais) e NETS de DX
Tal como exposto no capítulo 3 (uso correto do indicativo), deve sempre usar o seu indicativo completo em todas as bandas e modos.

Em muitos nets de DX (locais controlados por um amador onde se podem trabalhar outras estações), a maioria nas bandas dos 15, 20 e 40M, o net control (NC) ou MOC (master of ceremony) faz uma lista de estações que querem trabalhar o DX que está na freqüência.

Para fazer estas listas, os NC muitas vezes pedem só as duas últimas letras do indicativo. Mas não só isto é incorreto como é ilegal. Infelizmente, muitos também adotaram este sistema ao chamarem pelas estações de DX, mesmo fora do net. Isso diminui o ritmo de trabalho da estação de DX/DXpedition. Ouço isso muitas vezes, também quando trabalhei do lado de lá (como DX). Um amador dá as duas últimas letras aí umas três vezes. O sinal é muito forte e se tivesse dado apenas o seu indicativo completo uma vez, o QSO ter-se-ia realizado em 5 segundos. Daquela forma o QSO demorará três a quatro vezes mais tempo.

Em CW este fenômeno é ouvido muito menos vezes e é mesmo raro em RTTY. O exemplo mais improvável que alguma vez encontrei: uma estação chamou-me em CW da seguinte forma: “XYK XYK”. Ele chegava tão forte que eu tive de o registrar para poder ouvir as estações mais fracas. Então respondi: “XYK 599” [O indicativo que se segue não é verdadeiro mas serve para entender]. Ele respondeu: “Z88ZXY  Z88ZXY  599 K”. Este OM primeiro transmitiu as duas últimas letras do seu indicativo seguidas pela letra “K” (convite à transmissão da outra estação). A letra “K” colou-se às duas letras do indicativo fazendo crer que todas eram as letras do seu indicativo. Isso é o que eu chamo literal e figurativamente de “perda de espaço e tempo”!

Uma nota final em relação aos Nets de DX. O cartoon acima apresentado diz tudo. Os QSO’s são alimentados à colher, por assim dizer. O NC muitas vezes até “dá uma mãozinha” e isto não pode ser o que se entende por two-way QSO (contacto nos dois sentidos). Tente fazer contactos sem ajuda. Dá muito mais prazer e reconhecimento.

14º O uso do QRZ e Ponto de Interrogação (?)
Alguns operadores de Dxpeditions e algumas estações de DX têm o mau hábito de não se identificarem freqüentemente. Este procedimento provoca problemas.

Os DXers que andam pela banda (especialmente os que não se ligam a um DX Cluster) ouvem uma estação mas não o seu indicativo. Pouco tempo depois eles transmitem “QRZ” ou “?” ou “CALL?” em CW e “QRZ” ou “What’s your call? (qual é o indicativo?) em SSB. Isto é irritante; quando a estação DX trabalha em split ele não ouve aquelas perguntas. O pile-up todo está a transmitir noutra freqüência e acaba por ser prejudicada por estes “QRZ”, “?” ou outros. Resultado: os temíveis “patrulheiros” aparecem e o caos instala-se.

Se queres evitar o caos seguir a regra nº 1 do DX: ESCUTA. Não perguntes “QRZ” ou “?” ou “quem está em freqüência?”. Isso tão pouco ajudará a descobrir quem está na freqüência.

“QRZ” neste caso também está a ser utilizado de forma incorreta pois o seu significado é: “Quem me chama?” 

15º Como chamar uma estação num CONTEST
Antes de entrar num contest (concurso ou competição) ou chamar uma estação que nele participa, tome conhecimento das regras desse mesmo concurso. Em alguns concursos não se podem contatar todas as estações (impedimento das próprias regras) e é, de fato, embaraçoso chamar uma estação que não nos pode contatar ou não precisa do nosso indicativo (devido às regras). Nalguns casos o software de concurso utilizado até impede que o registro do contacto se faça. Mas aqui vão algumas dicas:

16º DX Clusters
É um tema controverso. Uns adoram-no e outros nem tanto.

É impressionante o número de spots incorretos lançados no cluster. Quando quiser divulgar um spot de DX, antes de apertar o “enter”, confirme toda a informação e corrija algum erro.

Um DX Cluster tem também uma função de “announce” ou anunciar, comentar. Muitos operadores “abusam ligeiramente” desta função, lançando para o ar as suas frustrações, lamentos e pedidos da informação de QSL. Mas lançarem frustrações e lamentos? Aqui vão alguns spots recentes e comentários observados durante a expedição a 3Y0X  (e também noutras inúmeras ocasiões):

- Estou chamando há três horas e ainda sem QSO
- Estou escutando há cinco horas e nada… Péssima expedição!
- Maus operadores, não fazem idéia da propagação
- Porque não split?
- Por favor RTTY

- BINGOOOOO!
- “New One” (novo país)
- Meu número 276
- Por favooor EUROPA!!!

- Etc, etc, etc

Isto não faz nenhum sentido. O seu valor acrescentado é “ZERO”. Um DX Cluster é um instrumento para anunciar estações de DX. PONTO FINAL. O campo destinado a comentários deve ser usado para dar informação sobre o split, o QSL manager, etc.
DX CLUSTER = DX SPOTS, com mais informação relevante para todos os DXers.

Precisa duma informação de DX? Digite o comando “SH/QSL indicativo”.
Se não existir uma base de dados sobre QSL Info no cluster, digite “SH/DX 25 indicativo”. Os últimos 25 spots desta estação serão mostrados e é usual a informação de QSL aparecer no campo de comentário. Ainda melhor é o comando: “SH/DX indicativo QSL info” que mostrará os últimos 10 spots daquele indicativo contendo a informação de QSL. Se o DX Cluster não puder fornecer essa informação então será boa prática consultar um site de informações de QSL na Internet. (N.T. Com a recente unificação dos servidores de DX Cluster no DX Summit (http://www.dxsummit.fi ) essas opções encontram-se temporariamente indisponíveis)

Não projete as suas frustrações sobre os outros. Invista mais tempo no melhoramento da sua estação e nas suas práticas de trabalho.

Spots com comentários como “trabalhei à primeira chamada” ou “trabalhado com apenas 5 W” não dizem nada sobre o sinal da estação de DX mas tudo acerca do “ego” do amador que lançou o spot.

Muitos spots são auto-lançados ou lançados pelo parceiro com quem fala para passarem mensagens pessoais no campo dos comentários. Isto não deve ser feito.

Lançar um spot sobre uma estação PIRATA? Um PIRATA não merece a nossa atenção e, por isso, não passe essa informação.

Se anunciar estações como a do nosso amigo Pablo, o que julga que acontecerá? Certo, não o faça.

Resumindo: divulgue spots corretos. Não irrite os seus colegas amadores com as suas frustrações. Ninguém se rala com o seu estado de espírito mas todos apreciarão informações úteis tais como a freqüência do split, QSL Manager, etc. Use as funções do DX Cluster corretamente. Se não as conhecer, procure informar-se. O manual do cluster habitualmente está on-line digitando o comando “SH/HELP”. Leia-o.

ATENÇÃO: Todos os que estiverem ligados a um DX Cluster vão ler o seu spot. É muito fácil ganhar má reputação. Tão fácil como ganhar boa reputação.

Só para nosso divertimento, o seguinte link ClusterMonkey (site em inglês) (http://www.kh2d.net/dxmonkey.cfm) é recomendado. A mensagem é clara.

17º Dicas para estações DX e DXpeditions
Gostava de umas férias conjuntas família/rádio? Ou está no estrangeiro e “fazer rádio” é uma opção? Ou talvez seja completamente “maluco” (de acordo com a sua XYL) e prefira gastar o seu dinheiro numa DXpedition?
O mais certo é que transmitirá duma “entidade DXCC” procurada pelos DXers. Quanto mais “procurada”, maiores são as possibilidades de encontrar situações como as acima descritas: “polícias”, ninguém respeitando as suas indicações, etc.
É muito importante ter o controle da situação e mais ainda mantê-lo.

Como controlar e manter um pile-up? De fato, embora não seja simples, é perfeitamente possível. Aqui vão algumas dicas: 

Se um pile-up se tornar muito grande, pode decidir trabalhar por continentes/regiões ou números.
Trabalhar por continentes/regiões significa que aceita apenas chamadas daquele continente (ex: só Europa) ou região (ex: norte da Europa ou costa leste dos USA), ficando em stanby todas as outras estações.
Trabalhar por números significa que chama só estações pelo número no indicativo (ex: 0 a 9).

Estas formas de operação não são recomendadas. Muitos amadores ficam “de braços cruzados”, nervosamente aguardando a sua vez para o chamarem. E enquanto esperam não têm a certeza de que vai chamar pelo seu continente, região ou número. Você pode fazer QRT a qualquer momento. Por isso ficam nervosos. E pessoas nervosas podem tornar-se rapidamente em indesejados “patrulheiros”. Lembre-se que ao trabalhar por números, 90% dos restantes amadores ficam à sua espera.

Contudo, para se ter algum sucesso com um grande pile-up, esta forma de operar pode ajudar os amadores que se encontrem na “curva da aprendizagem”.
A única vantagem de trabalhar por continentes/regiões, para onde nem sempre a propagação é boa, é a de proporcionar a esses radioamadores um contacto mais fácil. 

Alguns dos aspectos a lembrar quando trabalhar por continentes/regiões: 

Alguns dos aspectos a lembrar quando trabalhar por números: 

Para além de trabalharem por continentes/regiões, alguns operadores tentam trabalhar por países. Isto deve ser sempre evitado. Repito, não faça isto, pois atrairá a “polícia” de todos os outros países que tiverem de aguardar. É que não conseguirá chamar todos os 337 países, portanto, porquê sequer pensar em tal asneira?

Um nota final: um dos aspectos mais importantes quando trabalhar um pile-up é manter o mesmo RITMO durante toda a operação. Se o conseguir, ficará muito mais relaxado bem como todo o pile-up. O ponto principal é, pois, TER PRAZER!

18º DIVERSOS
Os “estalidos” (keyclicks) em CW podem ser bastante incomodativos para quem os ouvir. Se o seu equipamento produzir “lixo”, repare-o (faça-o você mesmo, se você é um bom radioamador). Os seus parceiros de hobby agradecerão. E o mesmo se aplica em SSB ou modos digitais: ALC overflowed não chama amigos… certifique-se de que o seu sinal é impecável!

O código Q e os números 73/88 foram criados para “fazerem perguntas” e tornarem algumas palavras mais curtas e fáceis de transmitir em CW. De fato, eles não se aplicam em fonia (SSB/AM/FM). Porquê dizer “73” em fonia podendo dizer-se simplesmente “os melhores cumprimentos”? Tente manter um critério razoável quanto a esta matéria. Um QSO em fonia acaba por não fazer sentido no meio de tantos códigos Q e/ou números.

Para dizer 73 (melhores cumprimentos ou best regards) no plural (73’s) e em fonia, não é correto e parece um pouco exagerado. Será que também já tentou transmitir 73’s em CW ?

Se a velocidade de transmissão em CW de uma estação de DX é muito elevada e quer mesmo trabalhá-la, use uma ferramenta que o ajude a perceber o que ele está transmitindo (ex: software de decodificação de CW). Senão, será uma perda exagerada de tempo para conseguir um QSO. A sua resposta não será imediata porque não percebe bem o que está sendo transmitido. Não se esqueça de que muitos outros amadores estão também à espera do QSO com essa estação de DX.
Só com muita e muita prática irá aumentando gradualmente a sua capacidade de copiar CW rápido, sem dificuldade e sem ajuda de software.

QSO NOT IN LOG (QSO INEXISTENTE NO DIÁRIO DE ESTAÇÃO)”: se os seus QSLs são devolvidos com esta mensagem, significa que é altura de melhorar a sua “prática operacional”. ESCUTAR é o primeiro requisito: se não ouvir uma estação porquê chamá-la? Leia e releia este documento várias vezes, tentando agir de acordo com ele, e seja um melhor e bem sucedido operador. Aposto que aquela frase “QSO NOT IN LOG” não se tornará tão freqüente.

Falando de QSLs, diz o ditado: “A cortesia final de um QSO é o QSL”. Com certeza que a maioria dos OMs gostará de ter o seu QSL na sua coleção. Outros, contudo, não gostarão. Eu, pessoalmente, vejo isso como uma questão de orgulho ao responder a todos os QSLs que me chegam às mãos via bureau ou diretamente. Quer sejam radioamadores, quer sejam só escutas (SWL). Nós temos sorte na Bélgica pois o uso do serviço de QSL está incluído nas quotas da UBA, a associação nacional belga. O uso do serviço de QSL (QSL Bureau) para todo o mundo é extremamente barato para nós. Contudo, nem todos os radioamadores têm esta sorte; países diversos usam diferentes sistemas de bureau e alguns não são assim tão baratos. Ao enviar um QSL lembre-se sempre do seguinte: informe-se (eventualmente através do site da IARU) sempre se existe serviço de QSL a funcionar (e bem) no país para onde quer enviar o QSL. Se não houver, é preferível enviar o QSL diretamente, acompanhado de um SAE (self addressed envelope ou envelope auto endereçado) e fundos suficientes para a resposta (ex: IRC, international reply coupon ou coupon de resposta internacional).
Outra forma de confirmar contactos, hoje em dia, é por via eletrônica através do LOTW (Logbook of The World) da ARRL ( N.T. Considere também a possibilidade de se utilizar de eQSL's, por que não?). Não são precisos QSLs mas, pessoal, eu ainda aprecio os cartões à moda antiga, guardados em caixas de sapatos!
Algumas estações de DX usam um QSL Manager (indivíduo que trata de todo o serviço de QSL) para confirmar os contactos pois gostam mais de fazer QSOs em vez de consumirem algum tempo naquela tarefa. Muitos websites têm informação destes QSL Managers. Nomeio apenas um, o QRZ.COM, que é freqüentemente mencionado durante muitos QSOs.

Uma nota acerca das Associações Nacionais. Sabiam que durante a Segunda Grande Guerra todas as licenças de amador e respectivos equipamentos foram canceladas? Quem julga que falou com os respectivos governos, após a guerra, para que os radioamadores pudessem voltar a operar? Certamente que foram as associações nacionais (membros da IARU). Estas organizações sem fins lucrativos são as únicas entidades com poder para negociarem com as autoridades a garantia de termos o privilégio de operarmos nas bandas de amador. É importante que a associação nacional tenha uma voz forte e isso só se obtém se formos seus associados. Juntos somos fortes, “a união faz a força”, “l’union fait la force”. És sócio? Senão és é altura de o seres. Para os que vivem em países onde o serviço de QSL não é barato, talvez esteja na altura de se levantarem e perguntarem porque em países como a Bélgica isso é possível e no seu não. E porque não oferecermo-nos como voluntários? Lembrem-se que estas associações são a única opção para sermos ouvidos quando há que negociar com o governo. Elas são importantes.

Muitas “ferramentas” para DX estão acessíveis na Internet. A lista é muito longa e uma simples busca ajuda-lo-á. Só para nomear alguns: 425 DX Letter, ARRL Propagation Bulletins, Ohio Penn DX Bulletim, etc.

Conheça bem o plano de bandas da IARU e as freqüências autorizadas no seu país. Copie e prende-as à vista na parede do shack.

LU9XXX e Pablo, referidos anteriormente, não são, por razões óbvias, o verdadeiro indicativo e nome do amador argentino.

Todos merecemos fortes risadas, portanto, visite o site do DL4TT em http://www.qsl.net/dl4tt/DawgX-rayClub.html quando concluir a leitura do nosso último capítulo, 19.

19º CONCLUSÃO
Este rapaz (o autor) começou como um “small pistol ham” (radioamador com fracas condições de trabalho). No princípio, ele contentava-se ao fazer um único contacto com qualquer grande DXpedition. Com baixa potência (embora alguns bigshots dissessem o contrário) ele trabalhou as suas primeiras 300+ entidades DXCC. Não houve qualquer segredo nisso mas apenas a forte intenção de trabalhar aqueles novos países.

Isso significou ter que passar muito tempo a ler muitas revistas de DX. Também alguns canais nos 2M foram sintonizados, para poder escutar DXers mais antigos e saber por onde andavam as “figurinhas” que eles conseguiam ouvir com as suas grandes antenas. Houve muitas noites sem dormir. Houve chamadas de várias horas para poder fazer apenas um QSO. Houve muitas chamadas sem sucesso. Muitas e muitas horas a chamar até “furar” o pile-up. E às vezes nada, tentando-se o mesmo no dia seguinte. Algumas vezes tirei férias para tentar trabalhar “a new one” (um novo país).

Este rapaz ainda é um “small pistol ham”. Se os DXers da parte leste da Bélgica me visitarem, exclamam: “Bolas, é mesmo só isto que tu tens? É mesmo só isto que usas para trabalhar esses “saborosos” DX?”

É certo que o desejo de trabalhar DX é grande e isso faz com que tenhamos “garras” para construir uma estação o mais eficiente e competitiva possível. Não tem de ser uma Mega estação para se obter algum sucesso. Acima de tudo, as boas práticas de operação são a chave do sucesso.

Muitas vezes dá-me gozo responder ao “chorões” do DX Cluster e mostrar-lhes como conseguir fazer um QSO com uma estação difícil em vez de perderem o seu tempo a “chorarem” no cluster e a lançarem as suas frustrações para o “ar”.

“Faz algo da vida, trabalha DX”. Como uma grande personalidade disse, “DX IS” (DX É).

Boa sorte com os new ones (novos países). Eu espero que as dicas acima descritas possam fazer subir um bocadinho a sua prática operacional.

Se não conseguir “furar” um pile-up pode sempre pôr-me as culpas em cima. Uma cervejinha gostosa por cada novo país trabalhado por si é tudo o que é preciso.

E lembre-se que ninguém é infalível e não comete erros. Quer apostar que ainda pode apanhar o autor deste trabalho a cometer o seu erro? Nesse caso, sorria, e tente fazer melhor do que ele em vez de “começar a atirar pedras”.

Sinceramente desejo-vos muito sucesso e prazer nas bandas de amador. Os meus agradecimentos também aos bons amigos que se envolveram neste projeto.

Tradução portuguesa foi amavelmente realizada por CU3AA, João. Adaptada para o português-BR por PT7TT/PY4SD, Bert. Obrigado a ambos!

73 - Mark - ON4WW.
(Fevereiro de 2009)

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